segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A garota cinza e o desconhecido

Três horas da manhã de uma segunda-feira. O céu está repleto de nuvens cinzas, cinzas como as nuvens dos pensamentos daquela menina, deitada no meio daquele gramado úmido. Cinza é uma cor solitária, que nunca sabe se está triste ou feliz assim. Estendida de cabelos ao vento, a garota cor de cinza sente falta de alguém, de um completo estranho. Ela nunca o conheceu, mas sente como se o conhecesse a vida inteira. Colocando os headphones no máximo, viajando em seus pensamentos, tentando aliviar a falta daquele que sem saber, já a tem.

Mas ah, se ele aparecesse agora! Se ela apenas pudesse olhar seu rosto de relance, para decorar seus traços. Se apenas pudesse saber o seu nome, ou o timbre da sua voz. Será que essas nuvens cinzas poderiam se juntar, dando forma ao rosto do desconhecido? Não de um desconhecido qualquer, mas do desconhecido da garota cor de cinza, talvez assim fosse mais fácil esperar 7 dias, 7 meses, 7 anos. Ninguém disse que seria fácil. Mas ela continua ali, pacientemente olhando para o céu. Será que ela adormeceu? Acho que não. Quem sabe se você se aproximar, se chegar mais perto, poderá ver que no rosto dela há um terno sorriso, e seus olhos estão bem abertos, confiantes. Nem tudo é o que parece, depende da sua perspectiva, depende do ângulo que você vê. Uma aparente frieza, se vista por outro ângulo, pode ser uma evidente cautela.

E você fica apenas aí parado, olhando de longe, observando cada movimento, tentando decidir se vai se aproximar ou não. As horas vão passando, o ponteiro lentamente caminhando e, de repente, sem se dar conta, amanheceu e você está a poucos metros dela, como se tivesse sido atraído por um ímã. A aurora iluminou o rosto da garota, ela, na verdade, nunca foi cor de cinza. Mechas cor de chocolate, pele tão branca que brilhava como os raios do sol, olhos da cor do gramado em que se deitara, era uma tempestade de cores, como um prisma. Deixando o cinza para trás, ela vira para você como se te ver fosse rotina e simplesmente diz "Olá estranho, já era hora de você aparecer". E desde então nada mais será o mesmo, o singular vira plural, o "eu" vira "nós", tudo se mistura e não se sabe mais o que é de quem, em uma tela outrora cinza, pintada agora de aquarela.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Serafim e o estopim


Em um reino muito distante

Mas muito ao nosso semelhante

Havia um Rei nobre de veste galante



Seu casamento estava marcado

Estavam todos convidados

O grande dia havia chegado



Lá vem a bela donzela

Mas o que será que aconteceu com ela?

O vestido branco de Jasmim, pasmem, era cor de carmim



Com um sorriso torto no rosto

O Rei não demonstrava desgosto

“O vestido é alvo como neve” fingiam todos



Tem alguma coisa errada

O pequeno Serafim pensava

E se levantou erguendo a fala



“O que está acontecendo?

Será que vocês não estão vendo?

Não é branco o vestido de Jasmim, é cor de carmim”



O povo todo ficou chocado

Será o garoto corajoso ou pirado?

Pois o Rei nobre fica louco se contrariado



Com os olhos ardendo em fúria

O Rei gritando justificava sua luxúria

"Sou ungido do Senhor, isso é uma injúria"



"Todos vocês convidados

Se realmente são meus aliados

Levem Serafim para ser enforcado"



Os guardas com grande euforia

Prenderam Serafim com alegria

A luz do dia ele nunca mais veria



Diante disso, o povo ficou indignado

E quem é servo leal não agüenta ficar calado

Nem pode ignorar a lei do livro sagrado



O dia agora se findava

A morte de Serafim o rei brindava

O nobre menino agora cor de carmim estava



Mal o rei louco sabia

Que a partir daquele dia

O povo agora desperto já não se calaria



Nobre menino Serafim

Honesto mesmo custando seu fim

Sem saber provocou o necessário estopim

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Caos frente ao espelho

É muito simples achar feio o que ultrapassa a moldura de um espelho. Somos muito rápidos em apontar a insensatez alheia, no entanto, vagarosos em enxergar a própria loucura. A vaidade é um abismo que cavamos aos poucos. Ela chega disfarçada, apresentando-se com outros nomes mais sutis. Amor próprio, auto satisfação e, por vezes, ousadamente, se intitula de vontade de Deus. Dizemos que estamos fazendo para agradar a Deus, repetimos para nossa própria consciência que está tudo bem, que não é nada demais, quando a verdade é que nossa mente está um verdadeiro caos, bagunçada demais para termos coragem de dar uma boa olhada.

Quando olhamos ao nosso redor nos dando conta de quão distorcido está o mundo, seria reconfortante imaginar que em nosso interior particular as coisas estão em paz. Ficamos de cabeça baixa, como uma criança se entretendo com a sombra dos pés, se agarrando a quaisquer válvulas de escape que possam fazer a ignorância da nossa própria depravação mais duradoura. No entanto, toda tentativa de fuga é inútil e, eventualmente, teremos que encarar que talvez o caos refletido no espelho a nossa frente, seja muito mais preocupante que o caos ao redor da moldura.

O homem não é um bom juiz do próprio caráter. A vaidade, um dos pedaços mais nojentos da nossa carne, não permite um julgamento sincero. Nossa natureza está embebida de arrogância, independência e todos os tipos de concupiscência. Todos mesmo. Não se engane achando que é incapaz de cometer determinada atrocidade, acredite, você é. Se você subestimar a sua carne, quando menos perceber, já terá cometido. É impossível erguer a cabeça para encarar o espelho a frente por si só, estamos inertes, como mortos, incapazes de enxergar. Nos consideramos decentes, humildes e bons o suficiente, contudo, nossas melhores vestes de justiça são como trapos de imundícia comparadas a santidade de Deus. Apenas Deus pode sondar o nosso coração com precisão, apenas Ele pode transformar aquilo que decidiu que precisa de mudança depois de nos examinar. É Ele quem levanta o nosso rosto diante do espelho. E, não há dúvida, que todo aquele que encarar o que está a frente do espelho, seu interior particular, cairá em arrependimento genuíno diante de tanta depravação, mas ainda bem que Deus, em sua maravilhosa graça, nos salva. A maior evidência da salvação é uma vida em arrependimento genuíno, isto é, não basta que eu apenas me arrependa por hora, mas é necessário continuar me arrependendo todos os dias.

Quando Deus levanta o nosso rosto diante do espelho da nossa própria realidade, nascemos de novo. Simplesmente, deixamos de ser quem fomos. Já não somos conterrâneos do caos, mas vivemos como estrangeiros nele. Passamos por um processo de regeneração, de glória em glória, cada vez mais profundos na presença de Deus. É do Senhor que vem a real transformação. Quem não nasceu de novo em Deus, viverá confortavelmente no caos e gostará disso, continuará ignorando o que está diante do espelho, se preocupando mais em identificar a feitura daquilo que está ao redor da moldura do espelho, do que com o próprio espelho. Pura tolice, pois só é possível se importar verdadeiramente com o caos além da moldura, quando se resolve primeiro o caos de dentro de si, tomando coragem para encarar o espelho, clamando para que Deus traga luz aos lugares mais obscuros.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Amizades Líquidas

Pobre geração superficial, essa nossa. Tufam os peitos, cantando cheios de vontade cantigas sobre amor e amizade, quando a maioria jamais experimentou qualquer um destes com profundidade. Mal chegaram a pisar na ponta ponta do iceberg e já estão satisfeitos em explorar tão pouco. O sociólogo Zygmunt Bauman já falava a respeito da fragilidade dos laços humanos. Ele usa uma metáfora muito interessante para ilustrar seu pensamento, afirmando que nesta geração moderna o amor é líquido. Líquido porque um fluido se amolda exatamente a forma do local onde foi despejado. Ele não tem uma forma própria e constante, mas está sempre em metamorfose, se adaptando e mudando de acordo com o meio. O ser humano caminha a passos largos nesta direção, cada vez mais superficial em seus relacionamentos. Nos nossos dias, não apenas o amor é líquido, mas a amizade também.

Na nossa geração, amizades duradouras estão cada vez mais raras, foram substituídas pelas amizades  líquidas. Só se cultiva relacionamentos com aqueles que pensam parecido, que tem os mesmos gostos, as mesmas crenças, os mesmos hobbies, no entanto, sabemos que nossa mentalidade, e ouso dizer até mesmo a personalidade, está em constante amadurecimento, de forma que nossos pensamentos, gostos, crenças e hobbies podem mudar. E quando essas coisas mudam, tem gente que muda de amigos. Gente que é amiga de todos, mas que não é amiga de ninguém, no final das contas. É impossível cultivar muitas amizades com profundidade, só da para cultivar algumas, de contar nos dedos de uma mão. Não dá para conhecer com profundidade o íntimo de muitas pessoas ao mesmo tempo. E nem todos se deixarão ser conhecidos plenamente, por medo de as pessoas não gostarem do que verão. Amigo de verdade, conhece todos os teus lados, viu os teus dias mais escuros, mas ainda assim te ama.

Quem sabe alguns achem que eu esteja exagerando, que isso é superficialidade da minha parte por não querer cultivar muitas. Narciso acha feio o que não é espelho, afinal. E, convenhamos, isso tudo parece estranho porque quase todos estão acostumados a colecionar amigos. Reclamam da superficialidade, mas não deixam as raízes se aprofundarem. No primeiro período de sequidão, deixam a árvore morrer, porque não permitiram que as raízes se aprofundassem. São colecionadores de árvores, e possuem tantas, que é difícil encontrar tempo para cuidar de todas. Alguns são colecionadores, outros são semeadores néscios. Não tem sabedoria para escolher uma boa semente para plantar. Plantam espinheiros, quando poderiam plantar carvalhos fortes.

Falemos mais especificamente das amizades na vida do cristão. Muito me entristece ver que neste meio, o padrão de amizade pouco se difere ao padrão deste mundo. Cristãos que colecionam amigos, que andam com determinado grupo nos dias de sol, mas quando muda de estação, muda de grupo. E quem sabe a gente se encontra no próximo verão. Cristão que troca de amigo porque não sabe perdoar. Cristão que muda de amigo porque não sabe pedir perdão. Fazem do seu coração uma verdadeira estação de trem, é gente chegando toda hora, gente partindo a todo instante. Abrem o coração para qualquer um, ainda que não haja propósito de Deus nisso. E quando perde a graça ou o circo pega fogo, se despedem presenteando o amigo com uma passagem só de ida.

Deus não deseja que sejamos superficiais em nossas amizades, ao contrario, nos capacita para fazê-las duradouras, o problema é que poucos estão dispostos a suportar os espinhos para contemplar de perto a beleza da rosa, mas, acredite, valerá a pena trocar sua coleção de amizades líquidas por algumas poucas, mas duradouras e profundas, amizades sólidas. Já dizia o sábio Salomão: "O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão" (Pv. 18:24).

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O tênue equilíbrio entre o pensar e sentir

O intelecto do ser humano é uma coisa assustadoramente fantástica. Interessante como algo tão pequeno quanto o cérebro humano pode ser tão complexo quanto o nosso imensurável universo. Creio que se Deus nos fez com uma mente tão complexa e capaz de devanear tão profundamente, ter preguiça de pensar seria como guardar um valioso presente no fundo de uma gaveta empoeirada, pura mediocridade. Não deveríamos simplesmente nos adaptar a um evangelho maniqueísta mecanicamente, porque me disseram que as coisas são assim e pronto. Ao contrário, lancemo-nos na maravilhosa aventura que é a revelação bíblica! É claro que o ensino e instrução dos sábios do passado e presente é sempre bem vindo, mas nessas horas, sejamos como os cristãos da Bereia, que foram chamados de mais nobres, visto que a cada dia examinavam as Escrituras para ver se as coisas eram de fato assim (At. 17:11), mas cuidado para não cair no engano da analise excessiva. 

Algumas pessoas costumam colocar o pensar e o sentir como se fossem inimigos, quando na verdade, são dois amigos que quando de mãos dadas, se completam. Mas quando um prossegue desacompanhado do outro, causa confusão. É preciso aprender a andar sobre o tênue equilíbrio entre o pensar e sentir. Não há como sentir a glória de Deus verdadeiramente sem uma revelação correta de seus atributos, sem pensar e refletir a respeito de quem Ele é segundo as Escrituras, é por isso que tem muita gente por aí está achando que Jesus é um fogo, um vento e até mesmo uma espécie de Papai Noel. Já dizia John Stott: "A experiência nunca deve ser o critério da verdade; a verdade deve sempre ser o critério da experiência". Por outro lado, não podemos apenas pensar e esquecer de sentir. Nossa motivação em conhecer as Escrituras e em entender, no que é possível, a mente de Cristo e sua glória, jamais deve ser meramente acadêmica ou filosófica, mas simplesmente porque O amamos e desejamos agradar Seu coração.

Quando penso a respeito da complexidade da nossa mente em comparação a de outras criaturas, vejo o quanto mais sensíveis podemos nos tornar a Deus se a tivermos aberta, o nosso sentir por Ele se aprofunda, e mais claras se tornam nossas convicções quando passamos não apenas a entender, mas a sermos transformados pelas doutrinas bíblicas inspiradas por Ele. Em contraposição, me vejo perplexa ao tentar imaginar a complexidade da mente de Deus. Se por um lado o nosso pensar pode amplificar o nosso sentir, de forma que a nossa mente nos aproxima de Deus, por outro nossa mente é extramente limitada e incapaz de entender de forma plena Seus pensamentos. É provável que jamais possamos compreender a grandeza da mente de Deus. 

Se tentássemos medir com exatidão a glória de Deus e Sua complexidade ficaríamos malucos sem dúvidas, mas se você quiser ter uma noção pare para pensar um pouco na grandeza no universo. Apenas na nossa galáxia, a Via láctea, existem cerca de 17 bilhões de planetas. E se você for pensar a nível de galáxias, a Via láctea não passa de uma pequena galáxia em meio a mais de 170 bilhões de galaxias existentes no universo observável. Conseguiu perceber como o nosso pensar pode tornar o nosso sentir mais profundo? 

E é nessas horas que você se sente como um átomo em meio ao infinito, e talvez até sejamos. É provável que isso tudo não passe de um simulacro, como dizia o filósofo Baudrillard. Apenas uma breve preparação para o novo mundo que está por vir na eternidade, na verdadeira vida. E quem sabe, aos olhos de Deus, nossa frágil vida de tão pouca duração, não passe de apenas um instante e, de repente, partimos da cidade dos homens rumo a cidade celestial.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O grito furioso do relógio

As horas estão passando tão depressa que prefiro não olhar o relógio. Tic tac, é o grito furioso do relógio para acordar a minha alma. Fui consumida por tamanha ociosidade no dia anterior que é possível que eu não tenha sono pelos próximos dois dias. Nessas horas, gostaria que meu relógio estivesse quebrado, pois sei que quando eu conseguir fechar os olhos, poucos instantes depois terei de abrir-los e isso me deprime.

Tic tac, o relógio me lembra que preciso dormir. Eu queria poder me dar férias sempre que desejasse, quando digo férias, não me refiro a férias de verão, me refiro a férias de mim mesma. Seria legal poder hibernar, como os ursos fazem. Talvez eu acordasse diferente, ou não. Talvez pensassem que eu havia morrido e eu acordasse dentro de um caixão, ou talvez ninguém notasse. Tic tac, o relógio me avisa que meus devaneios são inúteis e que eu poderia estar dormindo.

Bom, de qualquer forma, dormir é a melhor válvula de escape que inventaram, por isso é frustrante ter insônia. São nesses dias que eu me lembro que não tenho controle de tudo. Nessa passageira vida, haverá fim. Mas cada respiração é uma segunda chance, então é melhor respirarmos logo. Tic tac, o relógio diz que se eu não lhe der ouvidos logo, pode ser tarde demais para uma boa noite de sono.

Isso me faz constatar que esta noite o sono não me encontrará e que, portanto, é hora de abandonar as válvulas de escape e me render, encarar o mal que há dentro de mim, aceitar que eu preciso aprender a depender de Ti e me esvaziar de mim. Tic tac, estou indo agora, relógio. Se uma jumenta pôde falar, posso dizer que já entendi o que você queria me contar, dormir para ignorar as coisas não resolve nada, apenas atrasa o que não deveriam ser adiado. Parti da cama, os joelhos dobrei, teu grito atendi, agora então, por fim, em paz poderei me deitar e logo pegar no sono, em um muito breve, mas prazeroso sono.

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"Se formos fracos em oração, seremos fracos em tudo". C. H. Spurgeon

Alegre sou, apesar de entristecido


Me disseram que eu deveria fazer cara de vencedor
Deixar pra lá e esquecer qualquer profunda dor interior
Me contaram que é sinal de falta de fé passar por tribulações
Tem que determinar o triunfo com frases feitas de repetições

Me ofereceram um lenço com uma fragrância de paz
Disseram que é só pendurar na janela e contendas nunca jamais
Me convidaram pra participar de uma reunião de oração
Lá o moço disse pra provocar milagre e repreender oposição

Mas como haverá transformação se não há coração contrito?
Se rejeitarem a fraqueza como bastará a graça de Cristo?
Estão usurpando a escritura com um novo sagrado distorcido
Levados por qualquer vento de doutrina esteticamente bonito

A verdade é que alegre sou, apesar de entristecido
Indo na contramão dos que ditam que chorar é proibido
De que vale essa falsa força que ensoberbece o coração
Se esta impede que o arrependimento gere real transformação?

Tristes meus olhos foram no tempo que a tormenta os cegou
Mas agora pela alegria que me fôra proposta sorrindo vou
Apesar de quando, apesar de tudo, apesar de mim
Com os olhos voltados para eternidade prossigo assim

Mesmo que vá doer 
Precisamos deixar o odre velho romper
Mesmo que queira chorar 
O vinho novo em nós verter há de começar
Abra os olhos contra a confissão positiva neste dia
E deixe entrar no coração a libertadora doxologia

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"Quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim". Frase do personagem Charlie, do filme/livro As Vantagens de ser Invisível.

"Uma inércia espiritual é a nossa inimiga; uma tempestade talvez seja nossa amiga. A controvérsia talvez provoque pensamento, e por meio dele talvez venha a mudança espiritual necessária." C. H. Spurgeon

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Uma canção para refletir:

O Evangelho - Grupo Logos

Eu sinto verdadeiro espanto no meu coração
Em constatar que o evangelho já mudou.
Quem ontem era servo agora acha-se Senhor
E diz a Deus como Ele tem que ser ...

Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus
Ele é tão claro como a água que eu bebi
E não se negocia sua essência e poder
Se camuflado a excelência perderá!

Refrão
O evangelho é que desvenda os nossos olhos
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.

O evangelho mostra o homem morto em seu pecar
Sem condições de levantar-se por si só ...
A menos que, Jesus que é justo, o arranque de onde está
E o justifique, e o apresente ao Pai.

Mostra ainda a justiça de um Deus
Que é bem maior que qualquer força ou ficção
Que não seria injusto se me deixasse perecer
Mas soberano em graça me escolheu

É por isso que não posso me esquecer
Sendo seu servo, não Lhe digo o que fazer
Determinando ou marcando hora para acontecer
O que Sua vontade mostrará.

Admirável evangelho novo


Repleta de virgens néscias se encontra a abadia
Metamorfoseando em sociedade de massa a cada dia

O vernáculo da escritura parece um tanto empoeirado
Para aqueles que a revelação permanecem fechados

Esqueceram o livro, re-costuraram o véu
Na vã ilusão de fazer seu próprio caminho ao céu

Comprando os ensinamentos dos fariseus sincréticos
Desprezando o conhecimento, perecem de olhos cegos

Ouço falácias por todos os lados
Chuva de miraculosos objetos usados

Reduziram a cruz a filosofia
Transformaram o sangue em ideologia
Resumiram tudo em sinais e maravilhas
Desfiguraram a graça em um prato de lentilhas

É o admirável evangelho novo
Convencendo o enganoso coração do povo

Em meio a esta abadia dormente
Subverte os que desejam acordar a mente


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"A maior parte dessas pessoas não está pronta para acordar, e muitos são tão inertes, tão dependentes do sistema, que vão lutar para protegê-lo". Frase do personagem Morpheus, do filme Matrix.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Sr. Falácia e o tijolo filosofal





      Hieros, do grego, é uma das terminologias para a palavra sagrado. Esta se refere especificamente a um relacionamento com o divino, ou seja, Deus. Acontece que o significado dessa palavra está se tornando cada vez mais deturpado na visão da humanidade. Recentemente li um texto de um filósofo francês chamado Luc Ferry, onde afirmava que não precisamos mais de religião, que esse papo de Deus é bobagem e que agora temos um novo sagrado, que o novo sagrado se encontra dentro do homem, simplesmente em nossos sentimentos, convicções e vontades. Trocando em miúdos, segundo Ferry o novo sagrado é o próprio coração do homem, o homem no centro, o homem como seu próprio deus.

      A verdade é que nós já vimos esse filme. É a síndrome de Lúcifer, quando a criatura deseja se tornar o criador, quando o servo deseja se tornar Senhor. E o primeiro que sofreu desta síndrome, a qual recebeu seu nome, tem semeado essa sede de egocentrismo ao longo dos séculos. Não que seja aceitável, mas é compreensível que o homem natural diga coisas do tipo, no entanto, aquele que se diz espiritual, cristão, infelizmente também tem sido dominado por essa filosofia que exalta o homem e, o pior de tudo, ainda fazem mau uso da interpretação das escrituras para sua auto justificação. E acabam transformando o sagrado em hilário. 


      O Sr. Falácia é especialista neste novo empreendimento. Transformar o sagrado em piada acabou se tornando um negocio muito lucrativo. Ele consegue vender simplesmente qualquer coisa, de feijões mágicos a travesseiros, meias e tijolos, alegando que a aquisição desses objetos irão trazer alguma prosperidade, proteção ou benção, porque foram ungidos em nome de... de Deus? Eu diria que não. O nome de Deus apenas foi usado em vão, já que em nenhum lugar das escrituras encontramos direcionamento a respeito de ungir objetos, muito menos de que o ato de ungi-los irá torná-los itens com propriedades especiais de cura. Mas se você procura por itens especiais que funcionem e ainda não jogou Zelda não sabe o que está perdendo, porque os da Corporação Falácia estão vindo cheios de defeito de fábrica, mas o que importa é que ninguém os perceba. Se não funcionaram com você, é porque teve pouca fé. Não precisa mais de todo esse tradicionalismo com aquilo que é sagrado, porque se for desse jeito vai demorar demais. Estamos no século XXI, na era do Fast Food, não precisa dessa cerimônia toda! Temos um sagrado novo que se você estiver com pressa de esperar o culto acabar, é só colocar em uma caixinha pra viagem. Afinal, pra quê eu vou gastar horas de oração clamando para que Deus cure um familiar doente se da Sua vontade for, se me basta pendurar um lenço branco ungido na porta do quarto dele? Se a minha vida está desmoronando, pra quê perder o meu tempo a reconstruindo a base de trabalho, oração e determinação? Não precisa disso, é só chamar o Sr. Falácia com seu tijolo filosofal que tudo se reconstrói em um passe de mágica, por apenas 200 rupees. 


      É isso aí, senhoras e senhores, estamos na era do homem no centro e no controle das coisas, do novo sagrado. E que admirável evangelho novo, como Jesus não pensou nisso antes?! Determinando o milagre, pregando um evangelho triunfalista, em uma exclusiva confissão positiva, porque a vida do crente fiel é só alegria e promessa de vitória, porque no final das contas, a ira que Jesus levou sobre si naquela cruz por causa do nosso pecado não doeu coisa nenhuma, era tudo uma grande piada já que Ele sabia que ressuscitaria ao terceiro dia, que alegria! Olha só como Deus é hilário! Pera aí um pouquinho que eu já volto, preciso dar uma passada na Corporação Falácia para comprar um tijolo desses. Quem sabe se eu der uma tijolada na minha cabeça, ela se concerta e eu comece a achar graça dessa piada que ao senso da maioria parece tão engraçada.
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Abaixo, uma música para reflexão:

Palavrantiga - Sagrado
É que o sagrado se tornou hilário
Ascendeu em abril, se espatifou em maio
E o que é que ficou ? Ficou o riso amarelo

E agora tanto faz o que é sagrado
Nada importa se isso tudo não for antes santificado
Bem no interior do meu peito deserto

Estou tentando ser bem honesto
Estou dizendo tudo o que eu penso
Estão sabendo que eu Te peço, Deus:
Venha o Teu reino

Bem dentro e lá fora
A Tua vontade, pra sempre e agora
Pois tenho fome, do pão deste dia
Daquilo que é só Teu

Ouça minha oração, que se fez cantiga

Canção pra acordar
Se Deus aceitar cantiga
Minha oração, Deus não perderá jamais






sexta-feira, 12 de abril de 2013

Quem nós somos?

Será que a vida tem algum significado? Será que a vida de uma só pessoa poderia causar impacto no mundo? Quem nós somos? Alguma vez você já se perguntou? Estamos sempre levantando questionamentos e procurando por respostas. E o pior é que as procuramos dentro de nós mesmos, como se lá dentro houvesse um oráculo conhecedor de todas as coisas tudo, quando na verdade, não há nada. Se você olhar para dentro de si irá enxergar o "nada". O homem, por si só, é vazio. Procurar respostas dentro de si só tornará seu caminho cada vez mais obscuro. Dentro do "nada", só existe trevas. E com o tempo nossos olhos vão se acostumando com essa escuridão até que, de repente, já não somos capazes nem de enxergar a nós mesmos. Estamos perdidos dentro do "nada". E você começa a se perguntar se você gosta de quem se tornou, se está sendo quem deveria ser, se acabou se tornando quem não deveria ter sido. Tudo é uma grande confusão quando você começa a fazer perguntas para aqueles que não conhecem as respostas. Procurar respostas em si mesmo é como fazer perguntas para o eco, não importa quão alto você grite, a resposta que você irá receber só dará mais nós no seu cérebro.

A verdade é que somos muito mais que imaginamos. Não porque temos algo de especial, ou por termos virtudes interessantes, mas por causa daquele que nos fez. Você realmente acredita que a sua existência é aleatória? Deus não joga dados. Deus não sai distribuindo fôlegos de vida porque não tem nada melhor para fazer. Fomos feitos, criados por alguém. A única maneira de conseguir as respostas que você procura é perguntando ao Feitor. E quando estiver na dúvida, faça tudo ao contrario do que sociedade espera de você. Não estou sugerindo rebelião contra o sistema, na verdade, o sistema é quem se rebelou e virou do avesso no fim das contas.

Se quisermos encontrar a verdadeira vida, se quisermos encontrar a nós mesmos, teremos que devanear tudo do avesso. Quem nós somos? Um paradoxo ambulante, se quisermos ganhar, teremos que perder. Somos o Benjamim Burton, se quisermos crescer, teremos que diminuir. Somos uma equação matemática., se quisermos ser cada vez mais e mais, teremos que ser igual a menos. Somos imperfeitos, improváveis e falíveis. Mas somos mais do que o mundo inteiro. Somos mais que um grão de poeira dando voltas em um raio de luz. Somos mais que flocos de neve derretendo na alvorada. Somos de um país que ainda não visitamos. De uma pátria que não merecemos. Filhos de um Deus que escolheu aqueles que não são para cumprir um propósito que os que são jamais conseguiriam.

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Canção para reflexão:

Fora do Sistema - Resgate
Preciso ser mais louco pra entender
Eu quero perder pra encontrar
Quero ser mais forte ao enfraquecer
Quero deixar de ter pra ganhar

Eu quero ser mais menos
Eu quero ter paz

Eu quero estar louco
Eu quero estar certo
Fora do sistema
Longe eu caminho mais perto

Preciso diminuir pra Ele crescer
Preciso fugir pra me encontrar
Diferente do que todo mundo quer ser
Guardar a Fé até quando Ele voltar